Um poema da pró

Como a maioria de vcs sabem, morei sete anos em Campina Grande e durante todo esse tempo senti saudade das coisas mais importantes e também das mais banais. O resultado disso foi o poema abaixo:

Laura Dourado Loula

Cheiro

de manhã
de banana frita
de shampoo de mãe
de presença de pai
de café cuado
de preguiça de sobrinho
de elegância de irmã
de “sumidouro”
de bobó de camarão
de mesa cheia
de Brilho Dourado
de pc com “vaga lembrança”
de ausência de um irmão
de notícias do outro
de latido de pinscher
de sorriso de Gu
de festa em família
de abraço
de tarde de domingo
de conversa fiada
de vida besta
de pizza
de orvalho de fazenda de vô
de lavanda de vó
de exemplo
de flor
de suor de “muleque crescido”
de vozes conhecidas
de chuva
de banho quente
de roupa lavada
de entra e sai
de generosidade
de “prosas” (Maclaren) de Tatá
de conversa booooooooa dos tios
de rede na varanda
de integridade
de perfumes conhecidos
de FELICIDADE

Página de diário

O gênero discursivo "diário", tendo em vista suas características, é um instrumento que pode servir para o desenvolvimento das diferentes habilidades dos alunos.

Dentre as características do gênero discursivo “diário” gostaria de destacar as que seguem e que vejo como mais pertinentes:


Expressividade informal
• Atribuição de franqueza, pelo locutor, ao discurso produzido
• Presença de referentes afetivos e cognitivos
• Caráter subjetivo
• Familiaridade dos alunos com este gênero
*
Como primeira produção de texto do ano, foi solicitado aos alunos que escrevessem uma página de diário no intuito de narrar um episódio (real ou fictício) marcante em suas vidas. As postagens a seguir referem-se a essa proposta.

Autoespeculação

Sempre gostei de escrever, arrisco em dizer que sou bem melhor com as palavras do que com as pessoas que aproximam-se de mim. Escrever, registrar fatos pessoais nunca foi meu hobby. Interesso-me por assuntos sociais, políticos, temas universais que abrangem pessoas que não necessariamente estão ao meu lado para serem 'lembradas', seja em que aspecto for.
A questão é que hoje devo escrever algo sobre mim, algo que me marcou, um dia feliz ou triste, mas sobre mim. É mais um daqueles trabalhos escolares que, não diria chatos, vão de encontro com nossas peculiaridades de caráter, e nos persegue um dia inteiro (quando pouco) com uma incômoda interrogação: "O que fazer?"
Na autoespeculação de como produzir o texto que me solicitaram, entrei num turbilhão de questionamentos quanto a repulsa de escrever sobre o meu eu: O que tanto temo? Por que essa negação?
Bem, algumas vezes arrisquei escrever sobre mim, acontecimentos que me cercavam, seus significados no dado momento. Mas quando me punha pronta para escrever milhares de pensamentos me atropelavam, uma mistura de sentimentos mais variados, indagações sobre os mesmos...e as palavras, aquelas com as quais me dou tão bem, tornavam-se minhas inimigas: eram insuficientes, contraditórias, sem me permitir chegar a um ponto final.
Um ponto final, objetividade que nunca, acredito, será alcançado quando o assunto é o ser humano. Talvez tenho pecado em cobrar muito de mim, de ser algo definitivo, de não compreender em mim o ciclo que todo ser humano passa e que analiso tão abertamente em muitos textos, as mudanças de opinião, as dúvidas.
Fica aqui o registro de um dia que, mesmo indiretamente, uma pessoa fez com que eu olhasse mais para mim e tentasse, não compreender, mas primeiramente me perceber.

Jaqueline Santana, aluna do 3º ano do Colégio Cometa

01 de Abril de 2009

Querido diário,

Hoje acordei na hora do almoço, mas ainda estou muito cansada também você nem imagina como foi o meu dia ontem. Tudo começou quando minha prima chegou aqui em casa, 6 horas da manhã, em pleno domingo, até pensei que tinha acontecido algo grave com alguém da família, mas ela veio logo avisando que tinha me acordado cedo para aproveitarmos mais, o feriado prolongado. Então era um bom motivo.
Me arrumei, peguei algumas roupas, botei na bolsa e fui pra casa dela. Lá, Mari me chamou para ir ao shopping comprar algumas coisas, mas como ela não ia demorar, preferi ficar no pc. Algumas horas se passaram e nada dela aparecer, resolvi ir tomar banho de piscina ao chegar na beirada, vi uma carta. Era a letra de Mari, lá ela disse que precisava contar uma coisa, muito séria. Disse que estava grávida. Grávidaaaaaaaaaa???
Caramba, quase pirei, como que minha prima, uma menina tão nova, de apenas 16 anos, poderia estar. GRÁVIDA?
O pior não foi isso, foi quando ela disse que não ia ao shopping não, que era tudo mentira, e ela ia se jogar da ponte. Sai desesperada da casa dela e fui no lugar que ela havia me dito que ia se suicidar. Ao chegar lá eu vi multidão de gente, inclusive MARIANA, todos rindo da minha cara, com um cartaz na mão:

1° de Abril

Dia da mentira

Naquele momento nem eu mesma sabia os sentimentos que estavam passando dentro do meu coração, ao mesmo tempo que era alegria por ter encontrado Mari, também era raiva, por saber que aquilo tudo era mentira. Toda aquela preocupação minha, pra nada.


Melissa Stephane Roberta Porto, aluna do 1º ano do Colégio EDImaster

Uma folha de diário clichê

13 de dezembro de 2009, Vale do Capão


Querido diário,

Hoje foi um dia muito estranho (perfeito). Pedro e eu nunca havíamos nos dado bem. Imagine vc, começar a manha já trocando farpas! Essa gincana já tava me tirando do serio. Hoje foi a final – graças!
Pois e, a última tarefa era a seguinte: os líderes, Mateus e Rachel, tinham de dividir toda a turma em duplas, - detalhe: eles passaram o ano inteiro tentando juntar Pedro e eu (olha que bobagem!),– advinha a dupla dinâmica da vez? Exatamente! Eu e ELE.
A proposta era a seguinte: tem uma trilha aqui no Vale do Capão, muito explorada por estudantes – e claro, hippies, afinal a aldeia e hippie – que a gente tinha de seguir e entrar mata adentro, porque a dupla tinha de pegar uma bandeira vermelha, existente no meio da mata e depois voltar ao ponto de partida. Assim se vencia a prova.
Só podia ser sexta-feira 13 mesmo, viu?! Porque a onda de azar não tava normal não, affs ¬¬! A gente foi mal em todas as etapas. Eu me senti inútil. Ah! Mas a culpa era dele! Nunca vi mais desorganizado! A gente se perdeu e tudo.
Depois de voltas inúteis, a gente parou, sentou, conversou e decidiu: se havia uma chance, iríamos aproveitá-la. Como? Deixando o orgulho de lado. Difícil, hein?! Pois e, olha o desfecho:
Pedro olhou em volta e pra mim, franziu o cenho. Pegou a mochila, jogou tudo no chão. Havia um pote de tinta vermelha, Pedro o encarou com um ar irritante, docemente petulante; eu logo entendi a ideia - que emoção, a gente pensa igual, kkk, brincadeira.
Saímos marcando um bocado de árvores com tinta, pra gente não se perder. E lá estava ela, parecia mentira: a gente conseguiu. Só que na hora de finalizar a vitória, restava um pouquinho de azar, sabe?! Virei o pé! Mas, porém, entretanto, contudo e todavia - minha professora diz assim - "há males que vêm para o bem". Pedro me jogou em suas costas e deixou a mochila no chão. Me senti como Bela voando com Edward na floresta de Forks.
Vencemos e ainda descobrimos o quanto nos gostamos. A galera acabou de sair do quarto, inclusive Pedro, que me paparicou o resto do dia. Pelo menos pra mim, 13 não significa número de azar e sim aniversário de namoro.

Obs.: Ele disse que tenho olhos de cigana oblíqua e dissimulada S2

Eduarleíne de Souza Oliveira, aluna do 1º ano do Colégio Cometa

Ah, o verão!

Querido diário,

Senti uma saudade tamanha de suas folhas macias e suaves. Durante esses dias em que estive viajando com a família, pensava no dia em que voltaria pra casa pra te contar as maravilhas que aconteceram nesse verão.
Cada momento foi único, até mesmo quando o carro enguiçou e todos nós tivemos de esperar uma hora e meia pelo conserto. Mesmo assim nos divertimos muito e não cansávamos de rir e caçoar do papai por seu desespero cômico.
A Bahia faz um calor e no verão dizem que piora, acho que estão certos. A primeira coisa que fizemos quando chegamos ao hotel foi ir direto para a praia, nada melhor do que água, mar e sombra fresca, sem contar os gatinhos que passavam por lá.
Em uma tarde, conheci um garoto chamado Luís, era surfista e também morava em outro estado, assim como eu. Nós nos encontrávamos todos os dias, trocamos e-mail, número de celular, no fim, estávamos amigos ou mais do que isso. Logo Luis precisou partir; foi muito bom conhecê-lo.
A volta para casa foi conturbada, pois todos nós estávamos queimados e ficava impossível de encostar um no outro, já que ardia todo o corpo. No mais, chegamos em casa e passamos horas relembrando os melhores momentos e planejando um novo e ótimo passeio.

Isadora Levi de Andrade, aluna do 2º ano do colégio EDImaster

Amigo diário,

Hoje eu nem tô com cabeça pra escrever, triste e angustiado com a perda de uma amiga muito querida: Dona Maria. Ela foi pra São Paulo com a filha e a netinha passear. Minha avó até que falou pra ela não ir, por causa dessas fortes chuvas que tavam tendo pras bandas de lá, mas ela foi. E depois de mais ou menos um mês que ela tava lá, quase pra voltar, o pior aconteceu.
Essa noite teve uma forte chuva lá em São Paulo, e a água da enchente invadiu a casa que ela tava e a arrastou. Ficou desaparecida, e só mais tarde é que foram encontrar o corpo, dentro de um córrego.
Não gosto nem de imaginar, é uma coisa que gera muita indignação, né? Se ela tivesse ficado aqui, ainda estaria com todo mundo, espalhando aquele sorriso e a sua felicidade que a todos contagiava.
Aí eu fico pensando: só foi lá pra morrer, se eu a tivesse impedido, nada disso teria acontecido, mas ninguém sabe o futuro, por isso que ruim não é a partida, mas sim a incerteza de uma volta. Vou rezar e pedir um ótimo cantinho no céu pra ela! Sei que daqui pra frente nunca mais vou vê-la, mas a lembrança daquela senhora de 72 ano, que costurava aquelas almofadas de retalhos e doava aos vizinhos ou para qualquer um que chegasse em sua casa, a senhora de um coração puro e cheio de felicidade vai continuar viva para sempre na memória e no coração de quem um dia chegou a conhecer Dona Maria! Saudades!!!

Boa noite!

Ítalo Franco Barreto e Barreto, aluno do 1º ano do Colégio EDImaster

12/12/2012

Era uma manhã de quarta-feira quando sai com minha mulher e meus filhos numa lancha alugada para pescar; meus filhos estavam eufóricos e minha mulher, como sempre, preocupada por achar que estar em alto-mar não era o mais adequado para crianças de 4 e 5 anos de idade. Mas eu relutei em levá-las, afinal era uma tradição de família e acreditei que eles já estivessem prontos.
Saímos cedinho da costa e tivemos uma manhã maravilhosa, levamos alguns sanduíches e sucos, e almoçamos em pleno alto-mar. Meus filhos estavam adorando, ensinei-os como se deve colocar a isca no anzol e eu também estava muito feliz de estar com a minha família a não ser pela preocupação que minha mulher denotava no olhar.
Depois do almoço, todos fomos “tirar uma soneca” na cabine e acordamos lá pelas 15:30 h. ao olhar pela janela tive uma surpresa: aquele tempo de sol e poucas nuvens havia se transformado num céu escuro e cinzento, mostrando que a qualquer momento uma tempestade chegaria, e foi o que aconteceu.
Eu sinceramente estava aterrorizado, já que nunca havia enfrentado nada parecido, mas ao mesmo tempo tinha de permanecer calmo para confortar minha família. Foi nesse momento que eu decidi reordenar a rota para voltar a costa e avisar pelo rádio sobre a tempestade que estávamos enfrentando, enquanto minha mulher abraçava e tentava acalmar nossos filhos.
As 18:00h. chegamos ao porto e, apesar de encharcados estávamos bem e felizes por “sair dessa”. Voltamos para casa e durante o jantar demos boas gargalhadas do que havia acontecido hoje, além dos meus filhos me fazerem prometer que os levaria novamente.

Ivã Sousa Júnior, aluno do 2º ano do Colégio Cometa

Meu aniversário!

Querido diário,

Hoje eu completo 16 anos e está sendo ótimo, porque logo que acordei fui surpreendida com um café da manhã lindo e delicioso. Foi muito divertido! Tiraram foto comigo com a cara de sono, meus olhos estavam inchados mais que tudo. Eu ri muito.
Mas depois do café eu percebi que estava faltando o meu presente e como meu presente era caro, que é o meu violão, achei que minha mãe não iria ter condições de gastas esse dinheiro agora, mas, por outro lado, eu estava pensando que ela estava esperando o dinheiro sair para poder comprar, porque já faz muito tempo que ela tinha me prometido esse violão.
Depois do almoço saí de casa, fui comemorar com meus amigos e meu namorado, em uma sorveteria. Ficamos conversando, contando histórias, lembrando dos momentos e contando planos para o futuro.
Quando cheguei em casa, fiquei na sala conectando a net e passei horas lá, até que minha mãe passou e perguntou se eu já tinha ido ao meu quarto e como eu não tinha ido me levantei e fui. Chegando lá foi outra surpresa para mim, lá em cima da minha cama estava meu novo violão, todo madeirado, elétrico, com afinação elétrica e bateria, com uma capa, a coisa mais linda. Quando prestei bastante atenção era bem melhor e bem mais do que eu imaginei, daí eu peguei o violão, afinei e comecei a tocar.
Para mim, esse dia será mais um dia inesquecível.
Bjowks!!!

Johara Silva Reis, aluna do 1º ano do Colégio EDImaster

Um verdadeiro mico

Querido diário,

Bem, hoje não estou de bom humor! O meu dia aqui em Salvador foi um verdadeiro MICO.
Tudo começou na praia: eu havia pedido pra minha mãe apertar a parte de cima do meu biquíni e fui tomar sol. Quando levantei da cadeira, puxei meu cabelo de lado, só que junto com o meu cabelo veio o meu biquíni. Fiquei vermelha de vergonha, minha família começou a rir de mim e os gatinhos que estavam do lado da minha mesa começaram a rir também.
Depois do Top less que eu tinha feito na praia pela manhã, foi a vez do shopping: começou quando paramos – eu, minha irmão, meu pai e minha mãe – em frente de uma loja e meus pais entraram, então tive de aguardá-los sentada no sofá com minha irmã. Quando olho pro lado Clara – minha maninha – estava pulando em cima do sofá e ainda deu o maior grito: Nany, pula aqui também, é muito legal...Não seja tímida! Na mesma hora eu virei o rosto e fingi que não conhecia :O
Depois fui ao cinema e quando o filme acabou fui me retirar da sessão do cinema, tropecei em uma cadeira e saí rolando escada abaixo, com todos rindo ao invés de ajudar.
Saindo do cinema, fui procurar por meus pais, foi aí que avistei uma mulher olhando uma vitrine e que se parecia muito com minha mãe de costas. Fui até ela e dei um tapinha na bunda dela, dizendo: Mãe, olha eu aqui! Foi aí que percebi que a mulher não era minha mãe e saí toda envergonhada pedindo desculpas à moça.
Quando encontrei minha família meu pai foi logo berrando: E aí, Nany, como foi o filme “Caiu de paraquédas”? Uma das meninas que estavam passando – que haviam assistido o mesmo filme, na mesma sessão que eu – gritaram: “O filme foi tão redondo que caiu da escada! E ainda saíram rindo.
Depois dessa fomos embora, né?
Bem, meu dia hoje foi bem micado e nada divertido :P, agora vamos esperar o que me aguarda no dia de amanhã.

Beijinhos

Mariane Cardoso Chaves, aluna da 1º ano do Colégio EDImaster